Ainda não nevava, mas o frio sempre aumentava no outono, pequenas gotas de chuva começaram a cair, quase tão frias quanto neve, olhei para fora, pela janela e percebi que todas as crianças entraram em seus lares pouco depois de mim, algumas das melhores casas tinham fumaça saindo das lareiras que as aqueciam ao cair da noite, o cheiro de comida fazia o meu estômago se agitar, olhei para trás e na mesa só havia pão, hidromel e armas.
Senti saudades de casa, dos cordeiros quase tão gordos quanto as crianças que viviam na minha aldeia, será que algum dia seríamos assim de novo? Será que de além mar alguém se lembrava de mim? Eu era uma espécie de acordo de paz, algo que evitou muito mais sangue, eu sabia da importância disso, mas nada diminuía essa saudade.
-Trouxe comida. - Ele entrou vestido em suas roupas pesadas de pele com pequenos potes cobertos com placas de madeira, botou-os na mesa, retirou as armas e sentou-se cortando o pão e servindo hidromel.
Sentei de cabeça baixa e em silêncio, retirei a tampa dos potes e me deparei com uma cheirosa sopa de tubérculos.
-...Minha irmã mandou eu trazer pra você... - ele disse e logo começamos a comer, junto ao meu silêncio como resposta.